Semiplenária: Iniciativas democráticas de resistência à pobreza e exclusão
Esta sessão semiplenária é organizada pelas secções temáticas SCEAV e PESPS, e pretende oferecer um espaço de reflexão sobre modalidades de envolvimento dos cidadãos e das cidadãs na construção de programas e políticas públicas dirigidos a populações e pessoas em situação de vulnerabilidade.
Combinando os domínios específicos das duas secções subscritoras, e em parceria com duas organizações da sociedade civil (EAPN e Cresaçor), propomos uma discussão em torno de dois temas, que se materializariam em duas apresentações:
- Sabendo que a participação é um processo difícil, que necessita de tempo e de maturação, organizações da economia social e solidária, como a EAPN, procuram promover a cidadania e a participação das pessoas que vivenciam ou já vivenciaram situações de pobreza e/ou exclusão social via movimentos de cidadania, desde logo localmente e na relação com as suas comunidades. Os conselhos locais de cidadãos são exemplo disso mesmo e serão discutidos no seu potencial para a coconstrução democrática e participativa de projetos, programas e políticas públicas dirigidos a pessoas em situação de vulnerabilidade.
- A autonomia económica, a independência e a integração sócio-profissional constituem uma dimensão central para o exercício de cidadania e da participação. A Cresaçor – Cooperativa Regional de Economia Solidária com implantação em 6 das 9 ilhas do Arquipélago dos Açores, é, atualmente, um exemplo de significativo dinamismo da economia solidária e das empresas sociais na região e um ator incontornável na criação de emprego e na construção democrática da integração no mercado de trabalho dos mais vulneráveis.
Nas apresentações, propõe-se a reunião de abordagem estruturantes e perspetivas de profissionais/atores envolvidos na dinamização dos programas/organizações enunciados, criando espaço para a reflexão e debate mais substantivo sobre as modalidades de resistência às incertezas e riscos que a vida em situação de vulnerabilidade representa, mas também sobre o papel que as organizações da economia solidária e as empresas sociais têm no processo de autonomização e independência, com destaque para o lugar dos profissionais da Sociologia enquanto atores de mudança ideológica e prática.
Sessões da ST (calendário provisório)
8 de julho, 11h15, online
Críticas à democracia a partir das contranarrativas da imprensa anarquista em Portugal: Jornal O Mapa (2012-2024)
Luisa Fernanda Salamanca Garnica
A Moeda Local MOR: Benefícios, Obstáculos e Oportunidades para a Mudança Social
Sandra Lima Coelho, Mariana Veiga Machado, Cláudia Amador
A lente crítica do cuidar aplicada ao universo da ajuda alimentar: considerações teóricas
Fábio Rafael Augusto
Intervenção sociocultural pela sustentabilidade em Lisboa e São Paulo: recortes de redes locais pelo bem comum
Inês Vieira
10 de julho, 11.30, presencial
O que é qualidade nos cuidados sociais para pessoas mais velhas? Dualidades e fragmentos de um conceito difuso
Alexandra Lopes, Rute Lemos
A lente da economia solidária na análise das práticas de produção e de consumo agrícola de proximidade
Cristina Claro Ribeiro Parente, Rita Correia Madeira
Ação colaborativa autonomista em Portugal e Espanha após os protestos anti-austeridade: Uma década depois
Mónica Catarina Pereira Soares
A trajetória do “welfare mix“ da Europa do Sul rumo ao investimento social e o papel do terceiro sector
Sílvia Ferreira
10 de julho, 16.30, presencial
Civic activity of women in Poland – institutionalized peripheralization, forced presence, practices of resistance
Justyna Tomczyk
Chamada para a apresentação de comunicações e/ou posters/vídeos
Secção Temática: Sociedade Civil, Economias Alternativas, Voluntariado
Em contexto de crises múltiplas e permanentes proliferam narrativas e práticas com um forte poder desestabilizador das instituições democráticas. Todavia, neste mesmo contexto, tornam-se mais visíveis contranarrativas e práticas inovadoras, como utopias reais (Eric Olin Wright), que alargam e reforçam a democracia ao defenderem e demonstrarem maneiras de organizar a vida social alternativas à busca pelo lucro e à desigualdade económica e política.
A relação deste “terceiro” espaço entre a economia mercantil e o Estado democrático é multifacetada e de codependência e coevolução. Se as sociedades democráticas constituem terreno fértil para a existência de uma sociedade civil forte, as múltiplas configurações de ação coletiva neste espaço contribuem para reforçar e alargar a democracia. Através das suas formas de propriedade e governação, muitas destas organizações, nomeadamente as da economia social e solidária, concretizam a democracia económica, envolvendo membros, trabalhadores, utilizadores e a comunidade. Através da sua intervenção de proximidade na resposta a problemas sociais ou concretização de aspirações de bem-estar social de cidadãos e cidadãs e comunidades, muitas práticas e organizações contribuem para a democracia social, frequentemente em relação com as políticas públicas do Estado-Providência. Enquanto espaços de associação e mobilização, muitas organizações, sobretudo de base local ou de base de movimentos sociais, são escolas de democracia participativa, fortalecendo a interação e a confiança entre os cidadãos e as cidadãs, as suas competências democráticas e a sua relação com a esfera pública e com outros atores do Estado e da economia.
Nas últimas décadas do século XXI, estruturou-se e institucionalizou-se um campo social e académico, genericamente descrito como situado entre o Estado democrático e a economia mercantil, que assume uma pluralidade de designações – economia social, economia solidária, terceiro sector, sociedade civil – e uma multiplicidade de atores coletivos envolvidos: organizações não governamentais, organizações sem fins lucrativos, cooperativas e associações, empresas sociais, empreendedores sociais, coletivos, grupos e iniciativas informais ou voluntárias.
As abordagens sociológicas sobre este campo são caraterizadas pela sua atenção aos contextos, práticas e representações, assim como às relações e interações. Emergem questões acerca dos contextos de origem, acerca da sua evolução, acerca dos campos de atuação destas formas de organização coletiva e acerca dos relacionamentos que estabelecem com outras organizações e instituições do seu campo ou de outros. Além disso, também emergem frequentemente interrogações acerca do tipo de relações sociais, económicas e políticas que são estabelecidas e mediadas pelo campo em questão.
Neste sentido, a Secção Temática Sociedade Civil, Economias Alternativas, Voluntariado (ST SCEAV) apela a contribuições nas seguintes linhas temáticas:
- Economias social, solidária e popular: práticas e contextos institucionais;
- Empresas sociais: práticas, discursos e formas organizacionais;
- Terceiro sector, Estado-Providência e políticas públicas locais e nacionais;
- Empreendedorismo social, solidário e coletivo;
- Inovação social e impacto socioeconómico e ambiental;
- Ação humanitária e ONGD, novas e velhas formas de filantropia;
- A economia de proximidade, coletivos e a gestão dos comuns;
- Ativismo e produção/consumo responsável;
- Sociedade civil, participação e democracia;
- Cooperativismo e associativismo;
- Capital social, confiança e participação;
- A digitalização na economia social e solidária e o cooperativismo de plataforma;
- Emprego e trabalho na economia social e solidária e voluntariado
- Intervenção social e cultural em redes locais pelo bem comum
Convidamos ao envio de propostas de resumos de investigações situadas em contexto académico e não académico em resposta a esta convocatória.
Serão também aceites posters e documentos visuais como curtas-metragens, documentários ou testemunhos de casos focados em projetos ou intervenções.
As propostas, para além de ensaios teóricos, devem ser formuladas apresentando o seu referencial teórico, objetivos, metodologias utilizadas, diagnósticos, resultados e conclusões.
As propostas de profissionais podem ser formuladas num registo de relatos de experiências, procurando responder aos seguintes aspetos: 1) contexto socioeconómico, político e geográfico (Quem? O quê? Onde? Quando?) 2) objetivos da sua criação (Para quê? Porquê?); 3) atores envolvidos, participantes e beneficiário/as (Para quem? Com quem?); 4) metodologias (de investigação e intervenção) utilizadas, atividades desenvolvidas e papéis dos diferentes participantes (como?); 4) resultados e aprendizagens (O que é que aconteceu? O que é que aprendemos?).
A ST poderá depois selecionar a(s) melhor(es) comunicações para serem propostas para publicação na revista SOCIOLOGIA ON LINE.
As regras e prazos a considerar para a submissão dos resumos, assim como mais informações sobre o XIII Congresso Português de Sociologia, podem ser consultados no site da APS ou na plataforma do Congresso.
Informações sobre a secção: https://stnr.aps.pt/sceav/
Mais informações e envio dos resumos em https://xiii-congresso-aps.eventqualia.net
Envio de resumos até 14 de outubro de 2024.
Email de contato: congresso-aps@eventqualia.net