Há já alguns anos que um grupo de cientistas sociais portuguesas lançou o mote de discutir as mobilidades em Portugal de forma ampla e interdisciplinar, seguindo a tradição do paradigma das mobilidades (Urry, Hannan e Sheller, 2006).
A história deste evento decorreu com uma determinada cadência, pautada pelo ritmo dos contextos de investigação das suas dinamizadoras, mas também pelas circunstâncias envolventes a nível nacional e internacional.
Em 2016 reunimo-nos em Braga para discutir experiências em torno do viver em|a mobilidade e debater reflexões e resultados da investigação realizada sobre (novas) culturas de tempo, espaço e distância.
Dois anos volvidos, descemos ao Sul. Assim, em Évora, em 2018, alargamos o debate sobre a mobilidade na contemporaneidade, olhando, particularmente, para os seus (com)passos, rumos e políticas. O objetivo foi o de pensar a mobilidade como produtora de experiências, sentidos e modos de vida, mas também como resultante de estruturas e decisões governativas.
Seguindo este calendário bianual, quando no início de 2020 planeávamos organizar novo evento para dar continuidade a este projeto de discutir em Portugal o fenómeno e o desenvolvimento teórico conceptual das mobilidades, eis que eclode a pandemia de covid 19.
Como sabemos, esta emergência de saúde pública afetou diretamente a mobilidade das pessoas: propagando-se de forma galopante, o progresso da contaminação foi combatido com medidas muito restritivas das deslocações que desencadearam debates muito acesos sobre a legitimidade das opções tomadas e os impactos e contornos sociológicos das imobilidades forçadas. Assim, em 2020 não nos reunimos fisicamente para discutir a mobilidade, mas produzimos reflexão sobre a mesma, precisamente durante o primeiro confinamento, daí resultando a publicação sobre Tempo e sociedade em suspenso.
Atualmente, num contexto de normalização, quando os estabelecimentos de ensino retomaram por completo as atividades presenciais e, de forma faseada, os reabrem os serviços, retomamos este seminário em formato hibrido que combina webminars, uma das novas dinâmicas mais impulsionadas durante a pandemia, com as modalidades presenciais.
Acreditamos que a vivência presencial e a própria mobilidade são em si catalisadoras de criatividade e de pensamento. O terceiro encontro Living (in) Mobilities 2022 será organizado em torno da mobilidade das coisas. A experiência do confinamento mostrou-nos, de forma indelével que, por muito que possamos incrementar a vivência virtual, continuamos a precisar de coisas que circulam no espaço físico e virtual, ou seja, bens, produtos e ideias.
Quando tivemos que ficar confinados, novas paisagens de coisas impuseram-se no espaço e no tempo da circulação. Quando as populações pararam, intensificaram-se as mobilidades das coisas que levaram a novos processos de transação e de deslocação. Muitas coisas – tais como alimentos, medicamentos, roupas e utensílios passaram a ser adquiridos online, de forma exponencial e transportados por empresas diversas de entregas. O ecommerce e o home delivery registaram um crescimento record em tempos de covid.
A pergunta que fazemos é_ E agora? Mudamos a nossa forma de viver? Alteramos o nosso estilo de vida? Ainda há espaço para as sociabilidades à volta da mesa? Ligamo-nos aos outros por causa das coisas que circulam mediante novos processos de transação e deslocação? Que relação têm estas novas mobilidades “das coisas” com novos imaginários de vida, mobilidade e circulação? Que alterações surgiram nos hábitos de consumo? Que mudanças se avizinham nos diversos setores económicos?
Estas são algumas questões sobre as quais se pretende reflectir no evento Living|in| Mobilities 2022. Os temas propostos para a organização das sessões são os seguintes, mas aceitam-se propostas sobre outros tópicos:
- Mobilidades, circuitos e percursos: Sketches, Mapas, GPSs e APPs
- Tecnologia, cibercidade e delivery
- Velocidade, tempo, tecnologia e transportes
- Ecommerce e fluidificação dos processos
- Mobilidade dos bens vs das pessoas
- Serviços móveis e itinerantes
- Mobilidade e(m) escala: do local ao glocal
- Mobilidade, virtualidade, vigilância e segurança
- Rotinas, práticas e locais de encontro: do shopping ao ecommerce
- Distribuidores e estafetas. Velhas profissões com novos contornos
- Mobilidades virtuais, redes e tecnologia
- Entregas em casa, unboxing e efervescência coletiva online
- “Home Switch Home”: casas inteligentes, sustentáveis e conectadaCultura material e consumo imaterial: bens materiais, consumos digitais
- Novos mercados de consumo
- Prosumidores? Auto-produção e auto-consumo em espaço doméstico
- O ressurgimento (forçado?) da cultura de apartamento e novas formas de consumo (de notícias, de alimentos, de filmes, séries);
- Mundo digital e práticas de consumo
- O espaço doméstico como elemento agregador das práticas de consumo
DATAS IMPORTANTES
23 de setembro: submissão de abstracts NOVA DATA!
30 de setembro: data limite das inscrições para incorporação da comunicação no programa do evento
30 de novembro: data limite de envio de papers para publicação
PUBLICAÇÃO DE PAPERS
Existirão as seguintes opções de publicação:
- short paper na Plataforma Barómetro Social
- Publicação em revista nacional ou internacional indexada (em breve mais informações)